Manjaro Xfce 21.2.0: rolling good times

Manjaro é um nome bem conhecido no universo Linux. Apresentado em 2011, Manjaro é uma distro Rolling baseada na família Arch (contrariamente às distros dos dois primeiros testes, Zorin e Debian, que pertence à família Debian).

Qual a diferença entre as famílias Arch e Debian? Há mais do que uma, mas do ponto de vista do utilizador que acaba de chegar dum Windows? Além de Arch (e, portanto, Manjaro) ser Rolling (ver aqui), não há grandes diferenças pois do ponto de vista prático tudo funciona como do costume. Manjaro, em particular, foi pensado para ser uma distro baseada no Arch mas extremamente amiga do utilizador. Isso explica o sucesso de Manjaro, que actualmente está entre as distros mais utilizadas.

Também o número de programas disponíveis é particularmente elevado: nesta altura seria possível falar dos pacotes Pacman, do Arch Build System (ABS), do Arch User Repository (AUR)... mas o lema é sempre o mesmo: simplificar ao máximo. Então, simplificando, o sistema de gestão de pacotes de Manjaro (cujo nome é Pacman) disponibiliza dezenas de milhares de programas, um valor muito próximo do que acontece com os pacotes Debian.

Manjaro disponibiliza também uma boa variedade de ambientes gráficos: há três edições oficiais (Gnome, KDE e Xfce) mais seis mantidas pela comunidade (Budgie, Cinnamon, Deepin, I3, Mate e Sway), pelo que escolha é coisa que não falta. Por aqui ficamos com a Xfce 21.2.0 de 64 bits (a mais recente), uma edição de tipo clássico, deixando as outras para futuros testes.

 

Instalação: 9.5

O download é de grande dimensões, sendo de 3.3. Giga, um tamanho que, como será possível ver, é justificado pela qualidade da oferta.  

Voltando ao processo de instalação, tudo é surpreendentemente rápido: há só um punhado de simples perguntas (que depois são aquelas do costume: escolha de username, password, fuso horário), depois a instalação é completada em quatro minutos. Tudo extremamente rápido.

Após a instalação, são disponíveis umas actualizações, devidamente sugeridas pelo sistema: nesta altura pouco mais de 70 Mega, algo tratado numa questão de segundos.

 

Arranque: 7.0

No total uma dezena de segundos desde o arranque até o Ambiente de Trabalho. Bom tempo.


Ambiente de Trabalho e Menus: 9.0

A versão Xfce apresenta um ambiente de trabalho de tipo clássico, muito "limpo" e elegante também, cúmplice uma boa escolha tanto do wallpaper de raiz quanto das alternativas disponíveis

Barra de tarefas em baixo, algumas ícones no desktop, tudo está onde deve estar, sem surpresas. Tal como acontecido para outra distro dedicada a máquinas com já alguns anos de idade, o desktop é muito simples, sem itens visíveis além da barra de tarefa e o caixote do lixo. Muito boa e prática a escolha de pôr entre os ícones aquele do guia do sistema operativo, do qual vamos falar a seguir.

Um óptimo ambiente de trabalho, com "ar de família" e sem surpresas.

Óptimos também os menus: cada item é acompanhado por uma curta descrição acerca da função, pelo que antes de carregar já sabemos o que iremos obter. Isso poderia tranquilamente ser o modelo-padrão entre as distros Linux que utilizam o ambiente Xfce.


Programas: 8.5

A escolha de Manjaro está bem conseguida: fornece um sistema operativo completo, que pode ser utilizado desde a instalação para desenvolver todas as tarefas dum utilizador comum. Isso também é obtido através da boa selecção de programas: de facto, Manjaro oferece as aplicações entre as mais apreciadas não apenas pelos usuários Linux. O navegador Firefox, o leitor multimedial VLC, Steam para os jogos, Thunderbird para o correio... difícil pedir mais.

Apenas poucas notas.

A suite para o escritório é Only Office, que parece programa simpático (inclusive, disponibiliza até cinco contas cloud de graça). Todavia o experimentado Libre Office poderia ser mais consensual.

Entre os programas gráficos há o óptimo GIMP, mas falta uma aplicação para a edição rápida (aquela disponibilizada, Viewnior, é pouco mais do que um visualizador), ao estilo Paint. Algo que, claro está, pode sempre ser descarregado. Não ficaria mal Transmission, para descarregar os ficheiros torrent e, sobretudo, falta KDE Connect, como veremos na secção "Redes e conectividade".

Em qualquer caso, Libre Office, um programa tipo Paint, Transmission e KDE Connect estão disponível para o download.

Tratando-se duma distro Rolling não podia faltar um programa para restaurar de forma simples e rápida o nosso sistema caso algo corra mal: aqui temos o óptimo Timeshift (que eu instalaria em todas as distros).

E finalmente temos o gestor gráfico do firewall. Que deveria ser activo de raiz...

Instalar novos programas é algo extremamente simples. Desde já temos a aplicação que no menu aparece como Adicionar/Remover Software, que desde o nome deixa pouco dúvidas (o nome verdadeiro é Pamac). Depois, o utilizo é elementar e tudo funciona como deve ser.

No que diz a respeito dos programas e dos menus, esta versão de Manjaro está muito bem conseguida.

 

Personalização: 7.5  

O ambiente Xfce é bem personalizável. Não tanto como um KDE (que neste aspecto é provavelmente o máximo), mas não há muitas razões de queixa. Wallpaper, barras, ponteiros, cor e disposição dos menus, rebordos da janelas... tudo pode ser mudado e de forma bastante fácil.

Infelizmente, Manjaro continua no trilho de muitas outras distros (quase todas), "espalhando" a personalização: é verdade, temos Aparência onde seleccionar o tipo de ícones ou de letras; mas depois há Ambiente de Trabalho para mudar o tamanho dos ícones e o Gestor de Definições que sugere outra vez Aparência e Ambiente de Trabalho. Mudar o estilo das janelas? No Gestor de Janelas, obviamente repetido no Gestor de Definições. O sonho? Um Gestor de Aparência onde seja possível gerir tudo o que tem a ver com aspecto e funcionalidade. O que também eliminaria vários itens redundantes do menu.

Tudo isso é um problema? Não. Mas a profissionalização dum sistema operativo passa por aqui também. 


Redes e conectividade 6.0

Manjaro detecta logo tanto a ligação fixa quanto a wifi. Sem problemas o bluetooth também. Mas falta algo: KDE Connect.

Por qual razão Manjaro não ofereça este instrumento cada vez mais indispensável não sei: só sei que é possível instala-lo, que funciona e que deveria estar presente de raiz.

Esta é uma escolha estranha e faz cair a pontuação.

 

Multimedia 8.0

Muito bom mesmo. Temos VLC para os vídeos, o óptimo Audacious para a música, Xfburn para gravar Cd/Dvd/Imagens/Dados, V4L2 para captura de imagens, gravação de áudio e captura de vídeo (suporta vários dispositivos, como webcams, TV e rádios).

O que falta? Como lembrado antes, só um programa para torrents (como Transmission), nada mais.

E um media-center? Diria que não: sem esquecer que VLC pode reproduzir tudo e fazer até algo mais (por exemplo pode servir como servidor streaming áudio e vídeo), Xfce não é uma distro dedicada à multimedialidade e um home theather é algo já bastante específico. Obviamente nada impede descarregar um Kodi, disponível no repositório (assim como um bom conjunto de addons).  

Nenhum problema em fase de reprodução. Nem com os clássicos formatos (como 4K) nem com os mais recentes (como WebM).


Gestão Recursos: 7.0

Manjaro oferece muito e mas não pede muito. 724 MB não são um valor assustador mesmo considerando o ambiente Xfce. Verifiquei este valor com outros instrumentos (com o comando Top) e, de facto, foi confirmado.

Pelo contrário, diferente é o discurso relativo ao trabalho do processador: que é sempre superior a 1 % (normalmente fica na casa de 2%).

Se olharmos para oferta, Manjaro faz um bom trabalho na gestão dos recursos. Isso sem esquecer a rapidez: Manjaro é muito reactivo. Em qualquer caso, é bom não esquecer que estamos perante valores mais comedidos do que um Windows 10...

Manjaro ocupa menos de 9 Giga (8.7 para ser mais preciso) de espaço no disco rígido e os requisitos de sistema são os seguintes:

  • 1 GB de memória
  • 30 GB de espaço em disco
  • Processador de 1 GHz
  • Um ecrã e uma placa gráfica de alta definição (HD)

 

Praticidade: 8.5

O esforço de Manjaro para ser amigável é conseguido. A versão Xfce faz tudo para recriar um ambiente familiar que favoreça também os que entram pela primeira vez no universo Linux. Difícil encontrar algo que obrigue a ficarmos parados na frente do ecrã e perguntar "E agora?".

A praticidade é conseguida através dum ambiente de trabalho simples mas elegante, dos menus muito claros, do utilizo de programas bem conhecidos, dum serviço que permite descarregar e instalar novas aplicações com extrema simplicidade. Sem esquecer uma reactividade acima da média.

Fica uma dúvida: quanto pode ser prático um sistema operativo Rolling, isso é, algo que é actualizado com mais frequência maior em relação a um sistema Stable? O que achar do maior "risco" implícito numa distro Rolling?

Para já é bom lembrar que Manjaro não actualiza "sempre" mas apenas um par de vezes (em média) ao longo dum mês. Depois há Timeshift, o programa que "tira uma fotografia" do nosso sistema e que pode reinstalar tudo em poucas dezenas de segundos se for o caso. Por fim é necessário lembrar que Manjaro é um dos sistemas mais utilizados no universo Linux: difícil imaginar que tantos utilizadores sejam masoquistas ao ponto de arriscar continuamente a perda do seu trabalho ou uma constante instabilidade do sistema.

Pessoalmente já tive oportunidade de utilizar Manjaro além do presente teste e nunca tive problemas. Apenas sorte? Não acho. A verdade é que o projecto pode contar com uma comunidade ampla e muito activa e isso tem recaídas positivas na qualidade do sistema.

 

Manual: 6.0

Manjaro apresenta um manual no desktop, visível já logo concluída a instalação. O que é muito bom, também considerado que o documento está cheio de imagens e trata tanto da instalação quanto das principais operações para utilizar a distro. Em boa verdade, a maior parte das pessoas (mesmo aquelas vindas dum Windows) estará capaz de usar Manjaro sem ler uma linha do guia, especialmente no caso de tarefas comuns. No entanto é bom que aí esteja.

Menos bom é o facto do guia estar apenas no idioma inglês. É verdade que material na internet não falta: na página oficial do projecto há o guia em outros idiomas (francês e turco...não me perguntem a razão), há uma página Wiki (idiomas: inglês, francês, alemão, holandês, espanhol, turco, árabo e chinês), outra que enfrenta os problemas mais comuns (só inglês) e depois há o fórum (inglês). Mas falta o português. Portanto, esforço apreciado mas não mais do que 6 como voto.

Nota 1: há online um fórum em língua portuguesa, mantido pela comunidade Manjaro do Brasil.

Nota 2: vou contactar Manjaro para ver se podem estar interessados na tradução em italiano e português do guia.


Conclusões: Média votos 7.7

Não há volta a dar: Manjaro é um óptimo sistema operativo. Esta versão Xfce cumpre na totalidade. Gasta o justo e oferece qualidade, reactividade e dotações superiores.

Portanto: versão aconselhada? A resposta é "sim" porque o projecto Manjaro esforçou-se muito para oferecer um sistema que fosse completamente utilizável de imediato após a instalação e sem perder de vista os novos utilizadores Linux.

Manjaro pode tranquilamente substituir uma qualquer versão Windows, sem que haja arrependimentos, com uma learning curve (curva de aprendizagem) quase inexistente e com algumas mais valias. Ao longo do teste não tive nenhum problema de estabilidade.

E a questão Rolling? Repito quanto afirmado antes: em caso de dúvidas (e mesmo sem elas), instalem Timeshift e fiquem descansados: terão um sistema sempre actualizado, sem necessidades de efectuar periódicas reinstalações (como requer um Windows ou um Apple) e seguro.

Há versões "melhores"? Depende do ponto de vista. Aos meus olhos, por exemplo, Manjaro KDE é "melhor" sendo, entre outras coisas, mais gratificante do ponto de vista estético e mais personalizável. Mas Xfce é mais "familiar" e torna-se um perfeito navio-escola para quem acaba de chegar da realidade Windows.

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