Zorin OS 15.3 Lite 64 bits: quase um Windows...

O primeiro teste é relativo àquele que considero um dos mais simples dos possíveis sistemas operativos para quem acaba de chegar do universo Windows: Zorin. Neste sentido é muito complicado encontrar problemas com um sistema que parece ter sido pensado para cativar os utilizadores Microsoft já a partir da estética. Mas será o factor visual indicador duma verdadeira facilidade de utilizo? Ou pode haver surpresas?

Projectado na Irlanda, Zorin tem como base Ubuntu e está em circulação desde o ano de 2009. A partir daí soube conquistar as simpatias de muitos usuários Linux. Hoje está disponível em três versões: Core, Lite e Pro, pois este é um dos raríssimos sistemas operativos Linux que oferecem uma versão paga (a Pro, obviamente). Por aqui vamos ficar com a versão mais indicada para os computadores "velhotes", aqueles com até 15 anos de idade. Que não conseguiriam rodar um Windows 11 mas um Linux sim. No específico: a versão Zorin OS 15.3 Lite de 64 bit (mas está disponível a versão 32 bit também).


Instalação: 9.0

O download é de 2.2 Giga, normal como tamanho.

O processo de instalação é simples: uma série de ecrãs nos quais é pedido o nosso idioma (há o português), a disposição do teclado (outra vez: português), se desejamos instalar já as actualizações disponíveis e o tipo de instalação (se desejamos instalar Zorin no disco rígido todo ou apenas numa parte dele; e se desejamos encriptar tudo). Por fim: o nome da conta e a relativa password. Depois é só esperar: passados 12 minutos o sistema está instalado, já com as actualizações, e podemos reiniciar o computador.

É o processo-padrão para as derivadas de Ubuntu e é quase impossível encontrar dificuldades. Tudo corre sem problemas ou atrasos.

Ovviamente é possível instalar Zorin paralelamente ao sistema Windows. Na imagem acima não aparece a opção porque a instalação é feita num disco virtual vazio. No entanto, se no nosos computador existir uma versão de Windows, o instalador oferecerá a possibilidade da instalação em paralelo (que pessoalmente aconselho apenas para experimentar o sistema Linux e não para uma instalação definitiva. Não é um problema técnico, pois os dois sistema convivem sem o mínimo problema. A questão são relativas às dúvidas acerca da política d eprivacidade de Windows).

 

Arranque: 8.0

No total 15 segundos desde o arranque até o Ambiente de Trabalho. Bom tempo.


Ambiente de Trabalho e Menus: 8.5

 

O desktop é muito simples. Até demais: não há nada nele alem do wallpaper e da barra de tarefas. Isso pode desorientar: um par de ícones não teriam ficado mal. Em contrapartida o visual é elegante e refinado. Não perfeito mas o esforço nota-se e está bem conseguido.

Os utilizadores mais experientes do panorama Linux logo irão reparar na falta do ícone do terminal na barra das tarefas, mas é uma escolha que pessoalmente aprecio: evita assustar inutilmente, transmitindo a ideia do Linux sempre agarrado às linhas de comando. Zorin não precisa disso. E quem quiser utilizar o terminal, sabe onde encontra-lo, também porque os menus são bastante claros, com os itens essenciais em bom destaque.

Por esta razão as tarefas básicas são facilitadas: tudo está no menu em baixo à esquerda, como ficamos habituados com os sistemas Windows. Abrir o navegador, escrever um documento ou controlar o correio são algo imediato.

Uma importante mudança que aconteceu nos sistemas Linux ao longo dos anos foi a simplificação da gestão dos ficheiros. Antigamente, guardar ou procurar um ficheiro era enervante, obrigando a navegar entre pastas com nomes estranhos. Felizmente aqueles tempos acabaram: a estrutura das pastas de itens quais documentos, imagens, músicas, etc. em Zorin é extremamente parecida à estrutura que encontramos nos sistemas da Microsoft. E, honestamente, tudo torna-se muito mais funcional.


Programas: 6.5


A versão Lite de Zorin não vem carregada de inutilidade, pois é evidente que a ideia de base foi aquela de manter tudo simples criando um ambiente "familiar" para quem chega do universo Windows. Resultado conseguido, sem dúvida.

Pessoalmente teria optado para um conjunto de programas diferente, sobretudo no que diz às secções Multimedia e Gráficos: faltam o reprodutor de vídeo VLC (aquele disponível, o Parole, funciona bem mas não é o VLC...), falta um reprodutor só de músicas, falta um instrumento para operações de desenho e manipulação de imagens básicas (GIMP é demais para tarefas simples). Percebe-se a vontade de manter leve o sistema, mas algo mais teria sido simpático.

Em qualquer caso é possível instalar novos programas com o aplicativo Software que atinge do repositório Gnome. Software é muito simples (e lento a carregar as imagens): escolhe-se a categoria, lê-se a descrição do programa e, se gostarmos, é só carregar em Instalar. Intuitivo.

Software serve também para visionar os programas já instalados e para verificar as eventuais actualizações.

Aos olhos de quem utiliza Linux há alguns tempos, falta o Synaptic Manager, que dá acesso a dezenas de milhares de programas. Mas neste caso faz sentido: o Synaptic pode "assustar" que acaba de chegar do universo Microsoft e Zorin é dedicado especificamente aos "órfãos" de Windows.

Importante: Zorin disponibiliza Wine, que permite a execução de programas desenvolvidos para Windows, mas não PlayOnLinux, que no meu entender é ainda melhor. É sempre possível instala-lo de outra forma, mas para um sistema que pretende substituir Windows, seria preferível tê-lo de base.

Portanto: a filosofia desta versão de Zórin é fornecer todos os softwares para uma utilização generalista do sistema operativo, não mais.

 

Personalização: 7.5  

Simples. Mas poderia ser ainda mais simples.

Como acontece em muitas distros, as vozes são "espalhadas" entre várias opções do mesmo menu. Por exemplo, do menu principal podemos escolher Definições onde encontramos Aparência (que regula ícones, tipo de letras e outras coisitas ainda), Ambiente de Trabalho (wallpapers, menus, outra vez ícones), Perfis de Cor, Screensavers e Zorin Appearance: tudo intervalado pela configuração do firewall, as actualizações, as unidades amovíveis (como usb)... Não acho ser um esforço impossível reunir todas as definições da aparência numa só categoria: trata-se de funcionalidade. Pena que Zorin caia no mesmo erro.

Quanto à personalização em si: bastante simples pois trata-se de escolher com o rato as entre as opções possíveis. O facto de tudo estar traduzido em Português faz que seja sempre claro o que estamos a fazer.


Redes e conectividade 7.0

Nenhum problema de conexão: Zorin detecta logo a rede fixa. Tudo bem com o bluetooth também, mesma coisa com a rede wi-fi.

Então, se tudo funcionar, por qual razão apenas 7.0 como voto? Porque a versão Lite não é compatível com Zorin Connect, um programa que permite dialogar via wi-fi com o nosso smartphone, trocando imagens, contactos, mails... A falta de Zorin Connect é uma questão técnica, não uma escolha dos programadores; mas é verdade que um sistema operativo plenamente funcional hoje tem que permitir uma fácil comunicação com os dispositivos Android.

Zorin Connect está disponível nas versões Zorin Pro (paga) e Core (gratuita), mas não na Lite. 

 

Multimedia 7.0

 

Zorin oferece o leitor multimedial Parole que, longe de ser o melhor, é em qualquer caso um bom programa que faz o seu trabalho sem problemas.

Parole serve também para reproduzir músicas mas aqui, ainda mais do que no caso dos vídeos, fazem faltas mais opções disponíveis. O conselho é de descarregar VLC ou, aos menos, utilizar Parole para a reprodução dos vídeos e um programa dedicado para as músicas.

Zorin oferece tanto um programa para gravar Cd e Dvd como também Pitivi que permite editar os nossos vídeos. Não ficaria mal algo como Kodi, isso é, um media center e home theater. Mas, como sempre, esta versão de Zorin é pensada para ser leve, pelo que...


Gestão Recursos: 4.5

Zorin "custa" e não pouco: 3.4 GB de memória utilizada sem nenhuma aplicação activa é uma conta elevada para um sistema que se auto-define lite ("leve"). O processador, pelo contrário, fica bastante quieto: na imagem mostra 0.0% para todos os processadores, na verdade foi um acaso, pois algo "mexe-se".

Uma conta elevada sobretudo ao considerar que esta verão Lite é especificamente pensada para computadores já velhotes e, neste sentido, uns "gastos" mais regrados seriam preferíveis. Estamos ao nível dum Windows 10. Na verdade, este não é um sistema operativo para computador menos recentes.

É sempre possível reduzir este gasto ao eliminar alguns serviços não utilizados que rodam em background (operação deveras fácil, seja dito), mas aqui a ideia é manter tudo ao nível mais básico e simples, limitando ao máximo intervenções de qualquer tipo. 

Para compensar, Zorin ocupa pouco espaço no disco rígido: só 9.4 GB. Mas não basta para alcançar a suficiência.

Os requisitos para instalar Zorin OS Lite:

CPU1 GHz Single Core – Intel/AMD 64-bit ou 32-bit processor
RAM 1 GB
Storage 10 GB
Display1024 × 768 resolution       

 

Praticidade: 8.0

Um dos pontos fortes desta versão de Zorin. O sistema ficou relativamente leve, responsivo e estável durante todo o teste: o limitado número de aplicações disponíveis após a instalação torna ainda simples as tarefas mais comuns.

Não é o sistema mais leve, mais responsivo, mais performante ou mais apedrejado no universo Linux: mas tudo o que houver funciona bem e não apresenta complicações.

E o "pesadelo" do terminal? Podemos esquece-lo. Está sempre disponível, mas como tem que ser: um acessório, não uma obrigação. 

 

Manual: 4.5

Não há. Mau. Podemos pensar que nem no Windows há um manual, o que é verdade: mas competir não significa necessariamente igualar as falhas...

Para compensar há a página Get Started with Zorin, onde são descritas as principais operações, e um bom fórum de apoio online. Pena que tudo esteja em inglês.

 

Conclusões: Média votos 7.05

Pode Zorin substituir dignamente Windows? Sim, pode. Até nesta versão mais "leve" (que de leve nada tem) se o usuário não tiver necessidades particulares. Com Zorin é possível fazer tudo o que um utilizador mediamente faz com o seu computador. Como já referido: navegar, controlar o correio, criar documentos, conectar o telemóvel, ouvir música, assistir vídeo... tudo duma forma imediata.

Doutro lado, se a cidade italiana de Vicenza decidiu adoptar Zorin nos seus 900 computadores desde 2016 haverá uma razão.

Zorin representa uma das melhores formas para transitar desde o ecossistema Windows até o de Linux. Este foi sempre o objectivo principal da equipa irlandesa que trabalha no projecto Zorin e o objectivo foi alcançado: tudo foi estudado para que o antigo usuário Windows sinta "ar de casa". Neste aspecto Zorin é sem dúvida aconselhado para quem acaba de chegar ao universo Linux.

É possível ir mais além? Há alternativas? Sim, há: a mesma equipa de Zorin oferece também o superior Zorin OS 16 Core, versão que oferece mais. E até está disponível uma versão OS 16 Pro, que custa 47.97 Euros (IVA inclusa) e que proporciona os melhores programas disponíveis como também a assistência personalizada já integrada no OS, mais melhores wallpapers para o ambiente de trabalho (com fundos de Windows e Mac também), instrumentos para produtividade avançada...

Vale a pena passar para as versões superiores? Sim e não.

Não, pelo menos não desde logo. Uma vez acostumado ao ambiente Zorin, será o usuário a decidir se avançar para um sistema superior, inclusive para aquele com algumas mais valias perante um (muito limitado) investimento económico pode ou não valer a pena.

Sim se, uma vez decidido ficar com Linux, desejamos ajudar os desenvolvedores. O que é sempre uma coisa boa e justa.

Zorin OS 15.3 Lite será plenamente suportado (actualizações de software e patches de segurança) até Abril de 2023, pelo que teremos todo o tempos para avalia-lo da melhor forma ante de decidir.

 

Nota: Nos últimos dias foi apresentado Zorin OS 16, o sucessor da versão analisada aqui. No futuro iremos espreitar as novidades introduzidas.

 

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